A desgraçada condição humana filha da cegueira de seu espírito,
perversa obstinação a travar os caminhos da luz que do alto vem,
levantou altares à mentira, enquanto que a verdade, muda, em
desconhecimento permanece para seu coração e para seus ouvidos.
É por
isso que a verdade que de Deus vem não é recolhida em sua essência,
antes confusão e mutação em seus entendimentos encontra, até chegar
ao contrário do que ela é.
Disseram, igualmente, que os ensinamentos
que do Pai lhes trouxe o filho a cegueira da Fé somente conseguem
impondo sem brilho as luzes para o porvir, sendo a razão do descanso do
Espírito que não marcha atrás do progresso do intelecto e do
engrandecimento da Alma, antes que encerra o Espírito no círculo
estreito do que pela Fé foi ensinado.
É, apesar disso, que deles
mesmos, em completo desconhecimento, se ouve o que é a Fé e até onde
ela alcança, isto é, até o Pai e dizerem de Jesus o que de seus
lábios jamais saiu, mas sim de Roma.
Quando ensinou Jesus que a Fé
deve entender-se em crer no que não se viu? A Fé transporta montanhas
sim, foi dito e isto deve ser repetido cem vezes, e cem vezes cem, volta
o Filho de Deus, a repetir-vô-lo, vindo porém agora para explicação
também do que pela Fé deve entender-se, o que não podiam alcançar os
entendimentos de quem primeiramente o ouviu.
Não disse Jesus das
virgens que deviam esperar o Esposo, acesas as lâmpadas? Que era essa
luz, senão a atividade e a luz do espírito, que em cuidá-las sempre
despertas, devem ocupar-se?
Não ensinou à Samaritana que tempo
chegaria que nem no Templo de Jerusalém, nem na Samaria, viria para orar ao Pai, mas sim
em todas as partes, isto quer dizer, em espírito e em Verdade, como em
outras ocasiões acrescentou?
Tais cousas não foram claros ensinamentos
do Progresso? Não disse aos hebreus tardios em entendimento que
escutaram minha palavra que viria o espírito de verdade, quer dizer, o
progresso a dar luz ao que ainda seus entendimentos não puderam
alcançar? - O espírito de verdade ou verdade alcançada em cada
época, quer dizer o progresso, deve entender-se também pelo
"consolador", pois que no conhecimento da verdade se encontra
o Verdadeiro consolo, comporta cada vez mais a idéia do progresso e
não a da falta de movimento dessa Fé cega de que eles vêm falando,
mas não o Messias que em nome do Pai veio endireitar os caminhos
tortuosos que a Humanidade tem seguido e endireitou- os para conduzi-los
para o progresso, lei fundamental do Universo, inculcando nesses homens
atrasados e duros da Judéia o pouco que em seus entendimentos pudesse
penetrar, dizendo-lhes portanto: "Muitas moradas tem a casa de meu
Pai", e também: "Necessário vos é nascer, renascer e tornar
a nascer".
"Em verdade te digo, que não verá o reino dos céus aquele que
não nascer de novo, como disse ele mesmo."
"Deus não quer a morte do pecador senão que ele viva e se
converta porque finalmente todos serão salvos." Lei de vida trouxe
pois o Messias e não de morte; lei de progresso portanto e não as
recomendações de uma fé cega e fria, que o fanatismo dos tais
pretende falsamente atribuir-lhe, que entretanto, somente nos seus
corações puderam abrigar-se pelas trevas da maldade e do erro de que
cheio estão.
Hipócrita simulação é a de quererem encontrar no
Messias a culpa da falta de compreensão de seus incultos ouvintes e
torpe falsidade comportam as palavras daqueles que fazem maliciosa
confusão do amor que ele inculcou e perdão das ofensas, com a
sanguinária maldade dos que derramaram em torrentes o sangue de seus
irmãos na Inquisição. "Não matarás", repetiu Jesus com as
antigas escrituras, acrescentando:
"Ama a Deus sobre todas as
cousas e a teu próximo como a ti mesmo, esta é a lei e os
profetas". É o orgulho o que aos tais em funda obscuridade traz e neles sopra sem cessar o espírito do mal
que ódio eterno dirige contra mim, os advogados do espírito das trevas
são eles portanto e não é de duvidar-se que tudo o que é de Jesus
com ódio o recebem e com ódio o demonstram para os incautos que não
descobriram ainda o lobo no meio do rebanho.
O espírito de verdade,
porém, de século em século, de idade em idade, luz vos traz no
caminho que vos conduz em marcha constante para o porvir, levando pela
mão ao homem de boa vontade, como verdadeiro consolador, pelo êxito no
labor sincero e paciente para o eterno progresso. Meus próprios
apóstolos não entenderam minhas palavras, esquecendo delas o mais
importante: as reencarnações, a pluralidade de mundos habitados e a
idéia do progresso; escreveram-no, porém, nos Evangelhos, sem darem
por isso. Quer-se maior milagre que este? Isto é em parte do que por
eles foi dito como ensinamentos do Messias, muitas mais cousas, porém,
de meus lábios lhes foi dado escutar, pois que, na intimidade com seus
discípulos, Jesus os instruía daquelas cousas mais elevadas que não
lhe era possível levar ao conhecimento do povo, apesar de que eles
também muito curtos eram e cheia a cabeça dos preceitos da religião
imperante, pouco mais lhes era dado alcançar e não era pois para eles
a lei do progresso; a qual ainda agora mesmo os homens não compreendem
em sua essência, aplicando-a somente para as cousas humanas, porquanto
para as cousas do céu morta é para eles a idéia do progresso,
acontecendo portanto que as suas próprias religiões destes tempos,
todas elas encerram a verdade absoluta, o que quer dizer que não há
progresso para elas porque toda a verdade nelas está. Meus discípulos,
somente as cousas mais simples e mais repetidas conservaram e ensinaram,
nelas, porém, o suficiente ficou para conhecerem meus ensinamentos e
poderem dar aos homens bom adiantamento nos caminhos do Pai, que o
infinito compreendem, porque para o Pai conduzem.
Dizia a meus
discípulos em ocasiões que me enchiam de perguntas sobre o que é do
Pai: Se não compreendeis as cousas da Terra, como quereis que vos fale
das do céu? Isto também digo agora aos que, com raciocínios puramente
humanos, querem falar das cousas do Pai e pensam que Jesus nesta sua
nova manifestação outras grandes cousas deveria ensinar, porém o que
seu raciocínio não alcança, não o crêem, sendo por isso que, o que
o Messias lhes traz, agora ao alcance dos homens deste tempo está, apesar de cheia
terem sua cabeça das trevas do orgulho para rechaçar a luz da fé que
não alcançam. Todas as grandes cousas somente pela fé têm sido
alcançadas e sem fé nada se engrandece e tudo morre, em tudo o que é
humano, assim também em todas as cousas nada se faz sem fé, para as
cousas superiores, porém superior também deve ser a fé, como já em
outra parte vos ensinei também, encontrou-se erro em minhas palavras
quando disse que o homem é formado de três partes: o espírito, o
perispírito e o corpo, nada dizendo do corpo que eles chamam
fantasmático porque, segundo eles, envoltura é do fantasma dos vivos,
eis porém, como as cousas são. Três são em verdade, como já vos
disse, as partes que formam o homem: espírito,
perispírito e corpo,
sendo o perispírito a envoltura permanente do
espírito, pois que o
perispírito não se relaciona com a matéria sem auxílio do elemento
intermediário do magnetismo humano, pelo qual se une ao corpo.
Primeiramente, o magnetismo dos pais forma conjunção do espírito com
o que há de ser seu corpo para viver como homem, depois, o exercício
da vida, o que se chama assimilação, forma a matéria do novo corpo e
os fluidos que o vão ligando ao perispírito do espírito para quem
destinados estão estes fluidos ou magnetismo humano envolvendo o
perispírito, fazem-no mais denso até ver-se em certas ocasiões como
fantasma, separando-se o espírito do corpo durante o sono profundo,
este não é, porém, outro corpo como se diz e sim o mesmo perispírito
vindo com maior densidade pela acumulação dos fluidos vitais ou
magnéticos a que chamam também fluidos animalizados, os quais se
formam durante a vida material e desaparecem com ela, não sendo
portanto outro corpo. Muita importância tem certamente a tal envoltura
porque com ela vive o espírito outra vida fora do corpo durante o sono
profundo, não se guardando memória dessa vida de libertação porque o
cérebro não teve participação nela, não podendo guardar impressões
do que por ele não passou. Não quer dizer que os espíritos dos homens
dormidos vão ocupar o plano ou planos espirituais, mas sim uma região
intermediária mais baixa, de pouca elevação, acima do mundo material
que mal denominam plano fantasmático. Nesta região os espíritos dos
vivos relações estabelecem com os espíritos livres, baixando estes
com o auxílio desses mesmos fluidos magnéticos que os corpos dos vivos
lhes proporcionam. Quase sempre os espíritos dos vivos seguem dominados pela materialidade da
vida terrestre, sendo sua vida fora do corpo pesada e grosseira como a
que com o corpo levam, não poucas vezes lhes aproveitando estes
desprendimentos, alguns, porém muito poucos, estimulados por suas
aspirações e conduzidos por seus protetores, alcançam as mais
elevadas regiões, colhendo maior luz e energias espirituais que em
parte conservam ao despertar pela ajuda dos mesmos protetores.
Sede,
portanto, assim, puros em vossos espíritos, mantendo-vos tais como eu
vos ensinei em nome do Pai, assim também muito alto ascendereis pelas
vias do progresso, as únicas que até Deus conduzem.
Para estabelecer a
confusão entre os cristãos, dizem os mal intencionados que os
espíritos desprendidos dos vivos são os que vêm dar comunicações
com os médiuns, cousa sempre impossível pelo desconhecimento que os
tais têm de seu estado; podem, sim, perturbar algumas vezes com seu
desconhecimento e cega torpeza as comunicações, porém não dá-las,
dos espíritos mais adiantados, mas também costumam servir-se os
espíritos livres para suas comunicações com os homens de sua maior
relação com o corpo. Agora mesmo quando têm sucedido comunicações
de um espírito de homem dormido com um médium distante tem sido para
ensinamento, com o auxílio de seus protetores, sendo em ocasião
diferente das outras comunicações, e tendo um propósito humano de
progresso conduzido por homens adiantados, inspirados e ajudados por
espíritos mais adiantados, não sendo portanto obra de mistificação.
O que fica dito não há de trazer confusão com as comunicações
mentais que podem ter lugar a grandes distâncias também entre homens
de linguagem diferente, porque o pensamento nesse caso não precisa de
idioma.
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FIM
DO CAPÍTULO 41